26.9.15

não temos porque lembrar as coisas não temos porque esquecer
as coisas

só temos uma fornalha antiga e uma mulher a atirar pedaços de
madeira lá para dentro e recordações dos braços

que noutra altura nos mantiveram
quentes à noite

12.9.15

maría

poucas mulheres teriam sido capazes de lavar as mãos do sangue de
ovelhas após um parto e ainda encontrar nelas a beleza decadente
que a poesia exige.

procuro amar-te em todas as mulheres que conheço mas as minhas mãos
nunca te encontram. as minhas mãos limpas de sangue animal
nunca te serviriam.