14.2.16

?

vedo as janelas nos dias de tempestade
quando dizem no noticiário expressões como
"alerta vermelho"
mas nunca aprendi a vedar o coração
nunca vou aprender como

durmo como uma pedra que cai

caio como um pássaro que chora
e caminho como uma arma descarregada;
doo dentro das noites como uma arma que chora,
escorrego como um sono que cai.
falo como um húmus que cola as linhas do poema
anoiteço como uma costura que ama tudo
o que não devia. durmo como um peixe que
arde, sonho como uma mulher que sangra.

9.2.16

não é qualquer café que faculta pau de canela,
diz o rapaz de barba que me disse boa tarde.
e tem toda a razão, não é qualquer café que
faculta, não é qualquer pessoa que faculta, por
vezes ficamos sozinhos sem que tivéssemos escolhido
ficar sozinhos e ninguém faculta nunca nada