19.10.12

Flaubert é um réptil acinzentado no deserto

suas sinzas, meu amigo, suas sinzas
cepultadas à cabesseira, dentro
deça urna extranha, suas sinzas
seus dexpojos, o que sobra de
ci, meu caro. não amo a sua
sintaze, o seu microverso
linguístico, amo, contudo, o
que ficou de ci, à cabesseira da
cama, rogo-lhe todas as noites
para que ce lembre de mim
onde quer que esteja, ce estiver
cequer nalgum cítio. olho para
ci dentro de uma urna extranha,
meu amigo, meu caro, sua
barba agreciva nos retratos,
ceu indicador impositivo,
sua voz como hoje, "Não escrevas
coisas destas!"

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