15.4.13

quem parte e reparte

ninguém que cante, com uma voz válida,
atrás dos homens que ouvem.
ninguém que plante uma flor de nervos
de música estragada.
as melhores mãos eram aquelas cujos
dedos, alcalinos, magoavam, empurravam
contra o vidro.
ninguém que escreva a dor de quem
leia, nenhuma aula de simpatia no
meio do cheiro a mijo de gato.
ninguém onde a noite, nenhum
arquitecto que proponha uma forma
de construir casas próprias para o
corpo humano.
apenas o tabaco ininterrupto e os
pulmões convulsos onde ninguém mexe.
só pássaros, atrás dos homens que ouvem.

No comments: