13.6.13

um beijo electrónico entre tesla e edison

mandíbula que aperte o casquilho na manhã, que
atire de modo violento o tremor da paixão
contra a incandescência dos napperons, esses adereços
antigos e obsoletos cuja única função é a de
provocarem sorrisos condescendentes nas bocas das
gerações mais novas. um osso que fossilize
e guarde a ciência e a filosofia num segredo
que escorra pelo tempo como cera; e que solidifique
- a cera e o osso -
de uma maneira triste, a morrer sem sangue nem
feridas no fundo da corrente alternada.
mandíbula poética que nas mãos segure o casquilho
e o arremesse ao que se come, àquilo com
que se guarnece o estômago e as tripas. e
um prédio que se construa mas que, assim que
terminado, surja envelhecido e deixado ao abandono,
morada para pessoas à beira da morte, ossos,
instalações eléctricas que na noite desistam, respirem
convulsivamente na humidade e interrompam a
sintaxe da casa com o seu choro. janelas onde
mandíbulas rasgando ao longo dos vidros, com
tantas saudades dos campos de trigo com o
céu em cima repleto de corvos e, num
espaço, ao meio, de garças, em conjunto a
desenhar um homem cansado de todo o
chão petrificado. bocas que beijem bocas de
crianças sentadas ao colo, "velho porco", dedos
que como enguias de um mito poético perdido
procurem a carne viva sob a roupa interior.

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