haverá pão suficiente
na despensa para que
esperem à mesa durante
os meses necessários
e não morram de fome
contar-se-ão aves no
céu e peixes no mar
e histórias num lugar
intermédio onde nem
os pássaros ou os
peixes mexem ou
habitam
contar-se-ão contas de
rosários antigos e ainda
pesados das velhas que
foram suas donas noutros
anos longínquos sem se
saber já como rezar
escrever-se-á no chão com
a cana verde
há-de se esperar uma eternidade
por quem demora
convém sempre saber esperar
por quem demora
pois o pão dura na despensa
para que se não morra
à fome.
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