3.12.12

hino

em homenagem à polissemia ergo um copo
a transbordar de nada - de ar, na verdade.
o poeta está no social e o social está no
poeta e, à falta de dinheiro, "o vil" coiso,
resta erguer taças de nada, brindar com
taças cheias de nada, de trabalhos de zero
horas semanais, dos programas televisivos
que nos empobrecem tanto mais que o
não-emprego. consumamos as cinzas do
que sobra, que é pouco. façamos a
psicanálise disto: a mãe, de pernas abertas,
na marquesa, à espera. os sonhos em
que garrafas são pilas e nunca só
garrafas porque só garrafas. as cinzas
ainda quentes porque, ao menos, o
amor.

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