20.8.13

clarabóia

sei dar o silêncio
amar-te em silêncio
sem que nunca o
saibas e olhar-te
como quem sabe
que sabes (e sabes)
que te quero contra
a pele à noite cobrindo
a pele de areia à
noite e desejo que
desejes estes lábios
tantas vezes secos
e esta pele sem cheiro
sem húmus. posso
dar-te e dou-te sem
que o saibas uma
argila óbvia e também
lágrimas no centeio
dos olhos no reumático
dos ossos antigos
onde construo
redes e baloiços
para a imagem de ti
uma jaula luminosa
nos ossos onde te
dar uma liberdade
antitética. tenho-te tão
guardada tão
enterrada nos alimentos
quando te olho sei que
sabes sei que há
um magnetismo no
silêncio o amor é
uma posse o amor é
também e sobretudo
uma posse mas para
mim não e há alguém que
não te guarda nem te quer
guardar no meio dos
ossos mas que te tem

enquanto que eu
não.

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