31.7.15

os fumadores morrem prematuramente

a poesia alinhada à direita, um saco, um tio ostomizado, vagaroso, a ter de aprender a viver assim; i.e., a cagar de modo automático para dentro de um saco; a ter de aprender a lidar com a flatulência incontinente nos espaços públicos, a ler poemas nos cafés, alinhados à direita, tão ridículos, pensa, tão estúpidos

um destes dias devia aprender a tocar guitarra
ou piano
devia olhar para os livros
devia ler os livros
sair de casa

alinhar a poesia à direita, o musgo, o húmus da poesia todo
alinhado à direita
assim, longe, separado do resto, do usual, vagaroso, ostomizado, a ter de aprender a viver assim, vai ao banco e diz-lhes que estás doente da cabeça (talvez estejas, talvez estejamos todos, não é?), uma cefaleia intocável, uma doença metafísica, na cabeça, contida no espaço físico da cabeça porque quando pensamos sentimos o pensamento na cabeça, atrás dos olhos, debaixo do cabelo, no meio das orelhas. não é?

um destes dias devia sair à rua
bater em alguém e
fugir correr muito correr
muito depressa até
cair de exaustão
esperar que nunca me apanhassem

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