9.4.14

mulher de enxofre

baixei o tampo da sanita no fim de mijar e cheirava a
frutos secos e a café, embora na qualidade imprecisa e vaga
do meu nariz-e-olhos constipado só me cheirasse a tabaco
com muco e vinho tinto. fui-me embora e não avisei porque
mais do que tu num quarto esperando, deus estava no
silêncio e nos caules destruídos e era para lá que devia
dirigir-me, era nesse lugar de loiça sanitária que era
suposto estar. e estive. horas. com o calor do enxofre
como ovos estragados vergastando a cara, à espera de
deus enquanto os homens me davam cigarros e me
fodiam dentro dos olhos.
deus não é para ser procurado assim mas procurei-o ainda
nas banheiras abandonadas por detrás do hospital termal.
uma pessoa podia morrer ali e ninguém dava conta.

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