20.1.13

cesura

do silêncio ainda me falam e trazem dores
velhas, amigos com os olhos fechados e a
boca cheia de pó por dentro, os pés lentos
sem paz alguma nas plantas, os pulsos fracos,
os sinais de vida muito distantes, o cheiro do
carvão no nariz. a electricidade nas pernas
onde já nunca a tua cabeça, já não mais um
colo terno para a tua cabeça destruída da
vida e da guerra do amor e da psicologia,
onde dois peixes nadam à procura de alimento.
posso trazer um pão de dentro do silêncio e
parti-lo para alguns amigos, mas os seus
dentes já não servem e a tua cabeça já
não quer caber no meu colo, ainda que
as minhas pernas tenham uma electricidade
que te pertence até que seja um tempo
de fim das coisas.

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