9.1.13

dínamo

este sou eu. uma sombra de tabaco
pelos cantos, um miosótis espezinhado,
a escrever pequenos poemas
narcísicos
porque ninguém toma conta de mim
e a verdade é que nunca ninguém
tomou conta de mim nem nunca
ninguém vai tomar conta de mim
um bocado. eis-me, pois, com
livros e com amor à volta, tudo
a soltar-se dos poros, um vapor
de literatura amor egoísmo dor
por esta ou por outra ordem,
a pensar, a dormir, a sentir, a
viver numa sobrevivência
quotidiana. quando as pessoas
partem sem morrerem era mais
fácil que um de nós morresse e
sempre me pareceu mais fácil e
justo que essa pessoa fosse eu.

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