30.12.13

lêndeas e piolhos

em língua gestual no médio oriente
peço um copo de qualquer coisa para
beber desde que tenha mais de trinta
por cento de álcool. lembro-me de uma
amiga, longe, em espanha. não sei a
geografia das regiões, tenho uma amiga
que mora na parte de baixo de espanha.
preocupo-me com este poema, trato dele
como posso para que não seja uma repetição
dolorosa de outras coisas, penso em como
iniciá-lo mas agora já não vou a tempo
de o emendar, a minha amiga em espanha
provavelmente estará nua num quarto a
fumar um cigarro ao lado de um
homem qualquer que durante o dia vende
cartão e folhas de cartolina e papel de
cenário a alunos de artes visuais. há
o tempo necessário, ao menos, para que se
aprenda a pedir, no médio oriente, uma
bebida e outra palavra que, não sendo
"álcool", há-de ser alguma coisa que se
assemelhe a "vinho". com as mãos, não
com a boca. a boca guarda-se para
as pernas, para a cona longínqua da amiga
em espanha nua à janela enquanto um
homem cagando na casa de banho, à procura
de papel higiénico para não sujar de
castanho as cuecas e os lençóis.

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