30.12.13

manual para não ter vícios

prendo as mãos - ato-as - à noite, quando me deito, para que
na urgência não me masturbe. obrigo-me a pensar nessas
coisas nobres que povoam a vida, os grandes vultos da
literatura não perderam a vida toda na inutilidade de falar
sempre de mulheres (ou homens); cresceram para fora disso, eis
por que são vultos.
menos aqueles que morreram cedo e hoje são analisados nos
círculos literários na possibilidade hipotética e quântica do
que a sua voz artística poderia ter vindo a ser.
mas a mim resta-me atar as mãos, que são pouco
nobres, à noite, e procuram a piça enquanto na cabeça
os rabos as mamas as pernas as conas as bocas húmidas
e entreabertas das mulheres que fui vendo ao longo do dia.

No comments: